Baixar relatório
Baixar relatório
- A insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3) persiste no norte de Moçambique, com a intensificação dos ataques por grupos armados não estatais (NSAGs) em Cabo Delgado. Entre 25 de Agosto e 15 de Setembro, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) reportou o deslocamento de cerca de 5.800 pessoas, maioritariamente de Mocímboa da Praia (3.300), Muidumbe (2.230) e Montepuez (270). No dia 15 de Setembro, um ataque ocorrido no distrito de Balama teve como alvo infraestruturas, interrompeu a mineração e actividades agrícolas e deslocou cerca de 3 mil pessoas (incluindo mulheres, crianças e pessoas com deficiência). A maioria das famílias deslocadas está acolhida no Posto Administrativo de Mavala-Sede, enquanto outras estão em abrigos temporários. As necessidades prioritárias dos deslocados incluem alimentação, abrigo, saúde, apoio psicossocial e proteção.
- Em vários distritos do sul e centro, particularmente nas zonas semiáridas, a situação de Crise (IPC Fase 3) persiste com as famílias pobres a enfrentarem dificuldades em se recuperar dos impactos das secas consecutivas ocorridas nos últimos dois anos. Muitas famílias esgotaram as reservas de alimentos, enfrentam dificuldades para encontrar oportunidades de geração de renda e começam a usar estratégias de sobrevivência de crise. As famílias próximas dos principais corredores comerciais estão cada vez mais envolvidas na exploração de recursos florestais, como o corte de árvores para a produção de carvão. Elas se beneficiam da sua proximidade com os mercados e da capacidade de vender os seus produtos. Contrariamente, as famílias em zonas remotas enfrentam acesso limitado aos mercados e às oportunidades alternativas de geração de renda. Como resultado, as famílias nestas zonas enfrentam défices no consumo de alimentos e têm recorrido a estratégias de sobrevivência, como reduzir o tamanho das refeições e priorizar a alimentação das crianças. A situação nestas zonas remotas é agravada pela sua dependência de uma única época agrícola anual, limitando as perspectivas de recuperação.
- Em Agosto, o Instituto Nacional de Estatística reportou um aumento anual da taxa de inflação de 4,8 por cento, com os preços dos alimentos a aumentarem aproximadamente 12 por cento. Tete teve o maior aumento de preços, 8,7 por cento, e Maputo teve o menor, 3,7 por cento. A inflação mensal aumentou de Julho a Agosto na ordem de 0,7 por cento, com os preços dos alimentos subindo 2,3 por cento. Foram observados aumentos de preços do peixe seco, milho, alho, batata, camarão seco e quiabo, enquanto os preços de alguns produtos como feijão-manteiga e óleo de cozinha permaneceram estáveis. A cidade de Quelimane (na parte leste da zona centro) registou a maior inflação mensal, 3,8 por cento, enquanto as outras cidades permaneceram relativamente estáveis. Em algumas regiões remotas, os elevados preços dos alimentos têm estado a pressionar seriamente o poder de compra das famílias pobres. Na sequência da baixa produção agrícola, muitas destas famílias se tornaram atipicamente dependentes dos mercados para acesso aos alimentos muito mais cedo do que o normal.
- De Julho a Agosto de 2025, os preços do milho permaneceram estáveis no sul, enquanto os preços deste cereal aumentaram na ordem de 11 por cento na zona centro e 17 por cento no norte. Em Agosto, os preços do milho no sul estiveram 42 por cento acima dos do ano passado e 68 por cento acima da média de cinco anos. Contrariamente, os preços nas zonas centro e norte estiveram cerca de 40 por cento abaixo aos do ano passado e 20 por cento a 40 por cento abaixo da média de cinco anos, devido ao aumento da produção na época 2024/25. Enquanto isso, os preços da farinha de milho e do arroz permaneceram estáveis de Julho a Agosto. Os preços do arroz foram 27 por cento superiores aos do ano passado e 47 por cento acima da média de cinco anos, enquanto os preços da farinha de milho estiveram 6 por cento superiores aos do ano passado e 22 por cento acima da média de cinco anos. Os elevados preços dos alimentos continuam a limitar o acesso no sul, enquanto os preços mais baixos nas regiões centro e norte estão a melhorar o acesso das famílias aos alimentos.
- Em Agosto, o Grupo de Segurança Alimentar de Mocambique reportou que a assistência alimentar atingiu aproximadamente 201.300 pessoas, 65 por cento afectadas pelo conflito e 35 por cento pelos ciclones em Nampula. Além disso, mais de 20 mil pessoas em Cabo Delgado, Tete e Nampula receberam apoio agrícola e actividades de geração de renda. Nas zonas afectadas pelo conflito, a assistência alimentar cobriu cerca de 40 por cento das necessidades calóricas mensais dos beneficiários, enquanto o pacote de Distribuição Geral de Alimentos na sequência do Ciclone Jude cobriu quase 80 por cento das necessidades calóricas diárias durante um mês. No entanto, o acesso humanitário também foi limitado pelos postos de controle ao longo das principais rotas, atrasando a resposta para mais de 85 mil pessoas em Macomia e Muidumbe e exigindo o uso de escoltas armadas para garantir a entrega. Persistem preocupações com os défices de recursos devido a cortes no financiamento internacional, com a PMA Moçambique a enfrentar um défice crítico para a resposta de emergência no norte e a correr o risco de uma possível ruptura da assistência até Março de 2026.
Citação recomendada: FEWS NET. Moçambique Atualização da mensagens-chave Setembro 2025: Crise (IPC Fase 3) persiste em Cabo Delgado à medida que os deslocamentos aumentam, 2025.
This Key Message Update provides a high-level analysis of current acute food insecurity conditions and any changes to FEWS NET's latest projection of acute food insecurity outcomes in the specified geography. Learn more here.